29 de jun. de 2013

Somos tão Jovens




O filme é interessante, mas coloquei expectativa demais. A culpa foi minha. No meu mundo Renato Russo era bem mais “rebelde” e “inquieto”, e no mundo de vocês?

Mesmo me sentindo órfã de um verdadeiro Renato Russo e de um final que me fizesse sair do cinema um pouco mais satisfeita, o filme cumpriu bem o que havia prometido. Não há muito bem do que reclamar e levando em consideração do trailer ter mostrado muito mais do filme, acho que isso justifica a expectativa que coloquei. O final não poderia ser outro. 
  
A história é muito bem contada sobre a relação que ele tinha com a família e amigos, e como tudo começou com sua ideia inicial: Aborto Elétrico. O filme mostra um Renato emotivo, um tanto inseguro com seus relacionamentos, porém, uma pessoa muito forte, bem como ele enfrentou as críticas do público daquela época com o seu estranho e repentino aparecimento nos palcos.

 Achei desnecessário todo aquele enfoque que deram para a “amizade” de Renato Russo com Aninha. Esse destaque desperdiçou um pouco de tempo no filme. Sem dúvidas essa parte da vida do Renato foi importante, Aninha representava ali todas as mulheres que passaram na vida dele, mas
todo aquele cenário de novela mexicana e a dose de atenção que foi dado para isso no filme, ficou forçado.

Como disse, o filme cumpriu o que havia prometido. A ideia era mostrar apenas a juventude do Renato e como tudo começou antes mesmo do Legião Urbana. Ok, mas que faltou um Renato com mais atitude, faltou sim. A insegurança dele no filme me assustou um pouco. Será que ele era mesmo tão inseguro assim? Será que ele era tão “afeminado” daquele jeito? Tem algumas partes que cheguei até a dar risada do Renato "macho" cantando e tocando, chutando o pau da barraca e brigando com um dos integrantes da banda, e o Renato "fêmea" quando descobriu a morte de John Lennon ou quando fala pros pais que também gosta de meninos.

Apesar de tudo, o que eu realmente gostei foi o fato do ator Thiago Mendonça não ter dublado as partes cantadas do filme. Thiago Mendonça me lembrou bem o Renato, tanto na aparência quanto na voz. Ele cantou e encantou. Não foi imitação, foi pura interpretação. Vi nele um Renato personificado. Creio que isso foi uma das coisas que ajudou a salvar o filme.

 Li outras resenhas e críticas e pude perceber que a grande massa está dividida. Há quem tenha gostado do filme e quem não tenha gostado. Da mesma forma que eu achei exagero as cenas da Ana, outras pessoas acharam isso bom, que mostra o jeito que Renato era carinhoso com suas amigas. Tem gente que saiu feliz do cinema, outras nem tanto. Enfim, opinião não se discute.




 Por fim, o filme tem um roteiro bem explicativo. É bom para quem não conhece a história da carreira do cantor. Até que achei gostoso de assistir e apesar dos altos e baixos, é o protagonista que concede um gás a mais no filme, que dá aquela sustentação e não deixa ninguém sair da sala do cinema antes de acabar o bendito do filme. Ainda bem que a estrela do filme foi Renato Russo.


6 de jun. de 2013

Filme: Perfume – A História de um Assassino (Resenha)



                                            
                   

  Evito sempre que posso assistir o filme antes de ler o livro, mas em “Perfume – A História de um Assassino“ foi bem diferente. Quando vi na locadora (sim, locadora ainda existe) simplesmente não consegui evitar, não pude conter o impulso de alugá-lo e obviamente assisti-lo. Foi a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa. Joguei a mochila no sofá e já fui seca pro aparelho DVD para assistir. 

  Minha consciência pesou um pouco. Confesso. Não sei se já contei isso aqui (se já, relevem), mas sou “religiosa” quando se trata de ler o livro antes de ver o filme. Porque é bem difícil um filme ser fiel ao livro. E parece que o livro acaba a graça depois que já se assistiu a versão pro cinema. Nunca é bom o suficiente. É claro que cabe aqui algumas ressalvas, como por exemplo, O Poderoso Chefão e alguns outros livros que foram adaptados para o cinema. Contudo, falando da maioria, é exatamente isso que acontece. O público-leitor nunca fica satisfeito com o resultado do filme. Mas, pensando pelo lado de que quando se lê a pessoa está imaginando os personagens, cenas e tudo mais, enquanto no filme tudo isso já existe, não gostar do filme acaba sendo normal. Nas versões cinematográficas, na maioria das vezes (leia-se: todas as vezes) o mocinho(a) da história é totalmente diferente daquele que você já havia imaginado, e assim serve para cenas, espaço e tempo. Outras vezes é acrescentado algo no filme que não existia no livro e o telespectador acaba ficando frustrado. Enfim, são inúmeros fatores que fazem o filme ser ruim, quando se trata de versões de livros adaptados para o cinema, principalmente quando é dublado Kkkkk aí acaba de vez!


  Falando de “Perfume – A História de um Assassino“, o filme foi muito bem feito. Bem diferente, nunca vi nada parecido. Já dá para imaginar que o livro é realmente muito bom, como me informaram. Assisti 3 vezes e em todas elas senti que não poderia estar fazendo outra coisa. Tem uma pitada de mistério no ar, desde o começo do filme até o final. Toda aquela coisa antiga, do século XVIII, que eu gostei  bastante.


  Aparentemente, o filme parece ser muito simples, como mais uma daquelas histórias de um rapaz pobre, sem estudos, que nunca amou ninguém na vida. Apenas mais um cara como tantos outros na grande Paris, pré Revolução Francesa. Mas que observando bem o subtítulo “A História de um Assassino” idealizamos então de princípio, que o filme se trata de um rapaz pobre e revoltado, que tem como passatempo favorito matar as pessoas. Mas não é bem assim.


  Jean-Baptiste Grenouille é um cara diferente dos demais daquela época. Quando nasceu sua mãe já foi para forca. Portanto, ele acabou indo para um orfanato, onde crescia e cada vez mais despertava o “medo” nas outras crianças. Começou a falar com cinco anos. Sempre isolado e ignorado, não sabiam que Grenouille tinha um dom: sentir o cheiro de todas as coisas. Não apenas sentir o cheiro, porque eu também sinto e você também sente, mas esse rapaz, além de sentir, filtrava o aroma e tinha como cada objeto do mundo um cheiro único e próprio. Diferenciava o cheiro de cada coisa ao seu redor. Podia sentir o cheiro de uma pedra debaixo do mar há quilômetros de distâncias. O cheiro de uma mosca voando no céu. Cheiro de ferro, madeira, água, algas, folhas novas e secas de uma árvore. Grenouille não tinha a distinção do que é cheiro bom e ruim, para ele eram aromas e cheiros diferentes, ele se relacionava com o mundo através de seu nariz. Sentia o cheiro de tudo e as reconhecia de muito longe, porém, ele mesmo, Jean Baptiste, não tinha cheiro de nada.


  Fiquei admirada com o peso poético que traz esse filme: O cheiro é a alma das coisas e das pessoas. Para Jean Baptiste a alma dos seres é o seu odor. É toda essa metáfora fantasiosa que nos dá várias interpretações. Foi aí que percebi o toque de romance que tem esse filme, apesar do gênero ser drama. O jovem sem cheiro ficava apaixonado por cada aroma, cada odor que ele sentia. O ponto mais alto no filme é justamente quando Jean Baptiste sente a necessidade de não mais apenas sentir, mas guardar e preservar esses aromas para sempre com ele. O subtítulo começa a fazer sentido a partir do momento que Jean,  freneticamente, começa a matar as pessoas para roubar o cheiro delas. Detalhe: todas eram moças, virgens e lindas. Jean causa medo na cidade. As moças ficavam apavoradas e os pais principalmente. Todos pensavam que esse homem misterioso fosse um estuprador assassino e, além disso, colecionador de cabelos, mas Jean, na sua simplicidade, queria apenas a alma delas. O cheiro.





  “A História de um Assassino“ analisando bem, Jean é mesmo um assassino, contudo, não consigo ver maldade em nele. Claro que cada um faz a interpretação que lhe convém sobre o filme e sobre o personagem, assim como minha mãe que ficou odiando Jean. Não vejo ele sendo o grande “vilão” da história. Essa palavra, se for ver no dicionário, está como: “Pessoa de intenção maldosa”. Jean não era mal, ele não tinha intenção de matar as pessoas, e sim de ter o cheiro das moças pra sempre com ele. Nada mais que um aprendiz sem cheiro. Humilde, louco e apaixonado. Ele poderia ficar rico com esse dom, principalmente em Paris, que já existiam os melhores perfumistas da época, ganhar rios de dinheiro, mas ele prefere a busca pela formula do melhor perfume do mundo. Uma forma no mínimo diferente que ele encontrou de se sentir amado. Ele tinha uma missão de vida: a busca pela alma. Isso é bonito, não é? É a alma que nos dá significado, expressa os cinco sentidos da vida que atua no mundo, que por isso somos conhecidos por sermos quem nós somos. Depois de ter assistido fiquei pensando que hoje em dia ninguém quer saber da essência humana, está todo mundo tão vidrado no que é exterior, naquilo que se vê, naquilo que está esparramado pra fora. Cliché, mas verdade.


Amei esse filme e agora estou mais ansiosa ainda pra ler o livro. Não gostei muito do final, mas foi bem a cara de Jean. Adorei a maneira insana que ele encontrou de roubar o cheiro das pessoas. Bom, eu recomendo. Algumas cenas são tão boas que uma piscada me fez sentir culpa de ter perdido 1 segundo do filme. Espero de coração que eu não tenha me empolgado demais na resenha. Vou ficando por aqui. Até. 

 renata massa